Na Bíblia encontramos, no livro de Isaías, capítulo 38, versículos 18 e 19, no assim chamado "Cântico de Ezequias", as seguintes palavras: "A sepultura não te pode louvar, nem a morte glorificar-te; não esperam em tua fidelidade os que descem à cova. Os vivos, somente os vivos, esses te louvam como hoje eu o faço (...)".
Também no livro de Salmos, capítulo 88 e versículo 11, leem-se palavras semelhantes aquelas: "Será referida a tua bondade na sepultura? A tua fidelidade, nos abismos?".
E, ainda mais claramente, no Salmo 6, versículo 5: "Pois, na morte, não há recordação de ti; no sepulcro, quem te dará louvor?"
Tais palavras nos fazem pensar que o louvor a Deus é uma coisa totalmente ausente no reino dos mortos, também conhecido como "inferno", "hades" (grego), e "sheol" (hebraico). É o lugar para onde os mortos vão a fim de ficarem guardados até o dia em que todos os seres humanos comparecerão a presença de Deus para serem julgados e receberem a sentença a respeito de seu destino eterno, conforme se encontra escrito no livro de Apocalipse, capítulo 20, versículos 11 e 12: "Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros".
Deste modo, não se encontra no inferno quem louve a Deus. É como um deserto espiritual. Um verdadeiro crente não pode ser ali lançado, pois nem mesmo aquele lugar conseguiria extinguir em seu espírito o sentimento de louvor e adoração a Deus, o qual distingue os discípulos salvos daqueles que não são nem uma coisa nem outra. Todo crente verdadeiro adora a Deus em seu coração, pois "Deus é espírito, e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade" (Jo 4:24); e "Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne" (Fp 3:3).
No evangelho de Lucas, capítulo 1, versículo 15, anunciando o nascimento de João Batista, o anjo que apareceu a Zacarias disse-lhe, entre outras coisas: "Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte, será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno". Por esse motivo Jesus afirmou a respeito de João: "Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista" (Mt 11:11a). Disse o anjo, ainda, a Zacarias: "Em ti haverá prazer e alegria, e muitos se regozijarão com o seu nascimento" (Lc 1:14). Quer dizer, isto, que o homem que tem o espírito de Deus em si traz prazer, alegria e regozijo aos que são receptivos ao evangelho. Mais adiante, no capítulo 2 do mesmo livro, lemos que Maria foi visitar a mãe de João; logo, "ao ouvir a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre; então Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor? Pois, logo que me chegou aos ouvidos a voz da tua salvação, a criança estremeceu de alegria dentro em mim" (Lc 1:41-44). O fruto do Espírito é louvor! Só os crentes salvos ou destinados à salvação louvam/adoram a Deus em Espírito e em verdade. Para esses, já nenhuma condenação há.
Juntando, portanto, estas premissas, podemos construir um silogismo clássico, na seguinte forma:
Premissa maior: Para o inferno vão os que não foram salvos, e não existe lá nada que se possa chamar de louvor a Deus;
Premissa menor: Um crente verdadeiro louva a Deus em seu espírito;
Conclusão: Se você louva a Deus em seu espírito, é um crente verdadeiro e não pode ir para o inferno, ou seja, não ter salvação.
Logo, o que devemos fazer para termos certeza de nossa salvação é examinar-nos e, simplesmente, constatar se adoramos a Deus em espírito e em verdade, se o louvor de Deus habita em nosso coração.
Que pai neste mundo existe indisposto a livrar de qualquer condenação o filho cometedor de inúmeros e grandes erros, o qual ele reconhece que o ama e aprecia verdadeiramente? Quanto mais o nosso pai celestial não estará disposto a nos perdoar e resgatar da consequência de nossos pecados e transgressões, a nós que o adoramos e louvamos pelo que Ele é e por suas grandes obras. Eis o motivo de Deus haver considerado Davi como sendo um homem segundo o seu coração (1Sm 13:14). De Davi o nome está para sempre associado ao louvor e a adoração emanados dos Salmos, escritos na maior parte por sua própria mão. Poucos homens na Bíblia cometeram erros maiores do que os seus, sendo ao mesmo tempo tão honrado e preservado por Deus. Isto se deve a que, mesmo havendo cometido as maiores transgressões, o coração de Davi se alteava sempre em direção a Deus para desvelá-lo e exaltar-lhe as qualidades. Davi possuía, sem dúvida, um coração de adorador. Tal homem é buscado por Deus, e é por causa destes que Ele enviou seu filho ao mundo, para resgatá-los da condenação eterna, salvando-os do inferno e do lago de fogo.
Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem (Jo 4.23).
Louvai ao Senhor! Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento do seu poder! (Sl 150:1)
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